sábado, 27 de outubro de 2012

(...)



"Desenhei miragens tolas
Nas margens do seu deserto
E uma verdade impossível 
Só pra ter você por perto."

             E agora eu vejo que a culpa é minha. Sempre foi. Sempre vai ser carregada nas minhas costas. Não sei se por falta de interpretação, por falta de querer entender. As palavras simplesmente eram ilegíveis para mim. Até que, algo é dito aos meus ouvidos e a realidade é jogada como uma pedra bem no meio da testa. E você se sente tão inútil e imatura por não ter percebido antes. Lembra-se que ele te disse isso. Te explicou, pacientemente, várias vezes. É que acabou.

Letícia Medeiros

...mas vai passar.



       Sei que vai, mas sabe como a gente se prende a algo? Não quer deixar ir embora. É meio isso, eu acho. Não tem para onde correr, mas a gente se segura de qualquer jeito. Sem ligar para o "se daria certo". Não. O que importa apenas é se a outra pessoa quer estar ali com você. Só.
     Às vezes por amar uma pessoa e não ser correspondida, esquecemos que antes disso existia uma afeição. Não se pode cortar sentimentos assim, de uma hora pra outra. Não é humano, nem é normal. Aquilo ali gruda na nossa pele como um hábito que você deve largar. Mesmo se ainda tem as formas dos dedos uns do outro, se aquele costume ainda está fresco na mente. A vontade de estar perto não passa assim, avassaladora como um final é. Demora. Percebemos sozinhos que o certo é ficar longe, apenas. 
        Todo mundo diz que passa e tenho certeza que isso é verdade. Quando eu quiser rir, gargalharei. É chegada a hora de chorar, então eu choro. Porque como o Nando diz: "Triste é não chorar."


Letícia Medeiros
Ao som de Ainda não  passou - Nando Reis