quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

       Eu não sei bem o que vou escrever até chegar aqui. Eu sou meio que chamada. Não. Sou intimada a vir aqui e despejar tudo. Eu não sei quais palavras usarei, mas sei sobre o que vou falar. Sei que tenho algo a dizer. Corro o risco de engasgar, de asfixiar se não colocar pra fora de algum modo. Que seja por aqui. É melhor. Aqui não me sinto (muito) patética quando choro ou quando lamento. Aqui eu tenho a liberdade de falar, sem esperar que alguém me entenda. Aqui é como se eu falasse com um amigo que não gosta de me dar sermões, ele apenas aceita o que falo. Me disseram uma vez que se você não consegue tirar algo da cabeça, pelo menos supere o vício de falar sobre aquilo. É aqui onde supero ou pelo menos finjo superar. 



              Engraçado como o tempo é. Ele cura feridas que sangraram muito. Acalma os ânimos. Antes, se eu tivesse a opção, escolheria sempre a que me levasse ao caminho dele. Hoje eu não o faço mais, até por uma questão de sobrevivência. Como uma criança que se queima com fogo duas ou três vezes até conseguir entender que não se deve tocá-lo. Então, com o tempo, a gente aprende que insistir em tentar, só nos trará dor e tentamos nos distanciar disso. Quanto mais o tempo passa, a dor vai sumindo da lembrança até perdermos o medo. Até sentirmos a vontade de botar a mão no fogo novamente, mas por outra pessoa. Sempre existe a chance de acontecer o pior mais uma vez, mas arriscar parece uma opção inexplicavelmente atraente. 


Pensamentos de,
Letícia Medeiros

domingo, 16 de março de 2014

Carta nº 3

Oi, como você vai?

             Desculpe o incômodo, mas eu preciso escrever. Escrever para te dizer o motivo da minha incansável insistência. Na realidade, eu tenho medo. Medo de nunca falar o que eu tenho vontade de te dizer e isso me atormentar pelo resto da minha vida, como se as minhas palavras fossem te fazer enxergar o grande erro que cometemos, de desistir havendo ainda uma remota possibilidade, de nunca mais conseguir ser a pessoa que eu sempre fui. O que eu deveria enxergar é que isso é totalmente errado. Pessoas não podem necessitar de outras assim, tão visceralmente. Nem podem condicionar sua existência à uma outra. É errado, é doentio. Eu vejo isso mais claro. Na realidade, eu tenho medo. Medo de não conseguir tentar com mais ninguém, de ficar sempre olhando para trás, de te encontrar, tempos e tempos depois, e ainda não suportar a dor. Parece dramático, mas eu nunca fui tão sincera em toda a minha vida. Medo de ficar parada no tempo para sempre ou de te ver sendo feliz com outra pessoa, e saber que eu não fui capaz de te fazer sentir isso. Eu não estou pronta para nada disso. Quantas vezes eu abri a janela e não falei, peguei o telefone e não liguei, escrevi uma carta e não enviei. Agora, meu medo é de me afogar nas expectativas do futuro que achei que teríamos. Hoje eu me resumo em medo. Você levou toda a minha coragem com você.


Sinceramente,
Letícia Medeiros

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Carta nº2



"A new love, a new drug, a new me, a new you"

Novos. Sim, novos. Não somos mais os mesmos. Houve perdão, e agora tudo me parece mais claro que antes. O perdão era a chave. Não havia espaço para o amor, enquanto houvesse mágoa nos corações. E é engraçada e, ao mesmo tempo, assustadora a forma que nos (re)encontramos. "Foi como um atropelamento." Se existe essa coisa que costumamos chamar de destino, posso dizer que ele nos juntou, certamente. Nada com você parece ser ao modo convencional e essa é uma das coisas que eu mais amo. Um dia, um mês e as coisas são tão intensas que chego a pensar que já se passou um ano, mas (ainda) não. Creio que seja só uma impressão que eu tenho, talvez por nós já nos conhecermos (o lado bom e ruim, de ambos) tão bem. Você diz admirar meu gosto musical e gostar da minha ironia. Eu falo de sua paixão, de como vou dormir inquieta quando não escuto sua voz mandando meu "beijo, beijo, beijo" de boa noite e admito que acho um charme esse seu mistério. Mistério que você exala (inconscientemente) pela sua forma de falar, até pelo olhar, que sempre parece querer cochichar algo ao pé do meu ouvido. Nos conhecemos sim, mas em cada novo dia há algo para descobrir, para nos descobrir. Grandes incógnitas que consigo desvendar aos poucos, e é aos poucos que termino sempre te amando mais. Se é que isso é humanamente possível. Pra concluir, eu cito o que comentaram sobre nós: "Ainda é de brincadeirinha". Eu apenas sorrio. Sim, aquele sorriso conspirador de quem guarda uma preciosidade. Porque eles não sabem, amor. Eles não sabem de nós. Não sabem que talvez nunca tiveram o que nós temos, talvez nunca cheguem a encontrar. É  algo especial, excepcional, transcendental (risos) e eu não culpo ninguém por não compreender. Por não nos compreender. Tudo bem, esse é um jogo para dois. Eu tenho você e pra mim, isso basta. Aliás, isso supera. 

Para: M. M. 
With love.

Sua,
Letícia Medeiros
Feliz 1º mês, amor.  

domingo, 19 de maio de 2013

Para os amores errados.



         Um dia ouvi falar de um livro ótimo, onde o assunto principal eram os amores, sim. Só que eram os amores errados. Os mais românticos poderiam dizer que todo amor é certo, mas não é bem assim. Nós, mulheres, temos um sexto (famosíssimo) sentido para a pilantragem masculina que, afirmo por conhecimento de causa, não só minha, como de amigas também, é encontrada em grande parte dos exemplares deste complicado (entretanto, necessário) sexo. Complicado? É sim, ora. E creio que a autora deste livro concorda plenamente comigo. Uma hora querem, outra não. Uma hora te amam, mas preferem não "estragar as coisas" (?) Meu impulso sempre era responder: "Como assim estragar, idiota? Você não vê que já está estragando?" Mil perdões pela hostilidade, mas pelo o que me consta, ou esses seres são compostos de uma quantidade exorbitante de indecisão, ou estavam apenas brincando com mais uma. Desculpe, realmente me falta paciência. Talvez essa uma seja tão culpada quanto ele. O nosso sexto sentido não falha. Nascemos com um sensor acoplado para identificar cafajestes. A decisão de tentar ou não é nossa. O real problema feminino (na minha humilde opinião) é de achar que qualquer um pode ser nosso amor certo, mas não pode ser assim. Não devemos pular de cabeça desse jeito tão leviano. Talvez a gente espere demais deles, talvez a gente espere pela perfeição. Esperamos em vão, pois essa nunca chegará. Fica aqui a dica para as minhas (sim, estou incluída) colegas que compartilham da mesma virtude de ter um coração mole. Quando ele chegar, você vai saber. Não será perfeito, mas ele acertará até nas mínimas imperfeições. Não haverá dúvida, não haverá pudor algum, não haverá vergonha de sentir, será doce. Você sentirá aquilo no seu estômago, o frio, as borboletas, e fará exatamente tudo para que aquilo nunca acabe. Muito melhor que eu, explicou o Caio com apenas algumas simples palavras: "As coisas vão dar certo. Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz – se não tiver, a gente inventa."


Letícia Medeiros
Encontrei o certo.

sábado, 27 de abril de 2013

Sobre arriscar.



       Então, eu lembrei de ter lido em algum canto que sim, é bom ter o coração partido algumas vezes. Quer dizer, não é de toda inútil aquela dor de cotovelo. Isso quer dizer que a gente tentou alguma coisa. Quer dizer que a gente se importa com alguém. Eu sei que essa frase certamente foi dita por alguém que já superou. Esse pensamento é simplesmente inimaginável para uma pessoa que está no meio de sua, digamos, aceitação. Dá vontade de chorar, bater em alguém, estapear a própria cara etc. Mas eu garanto que nunca vamos dizer a frase: "Nossa, que experiência enriquecedora". Pelo menos não por enquanto. Não tão fácil.
       Einstein disse algo como "Quem nunca errou, nunca experimentou algo novo". Creio eu, que ele não estava falando de amor, especificamente, mas ele acertou (em cheio. Gênio!). Existem várias nuances à respeito disso. Serve para calar a boca de quem acha que amor e "coisas do coração" são assuntos vagos. Algo velho, faz-se novo pelas circunstâncias. Enquanto algo novo, pode se passar de velho, pela mesmice e obviedade das pessoas (Sim, existem pessoas óbvias e completamente tediosas). Levando este fato em consideração, não prolongarei ainda mais o assunto. Só digo que ter medo de fatos que te aconteceram previamente ou de coisas onde você já errou, não te faz cauteloso. O caminho mais arriscado, também pode ser o caminho certo. 


Letícia Medeiros
Let's risk it.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Não, não é engraçado.

           Engraçado como o mundo é, como as pessoas são. Certas coisas são encobertas por uma névoa. Não se sabe ao certo o que há dentro dessas pessoas, até elas  realmente se mostrarem. Eu, sinceramente, não acredito que existam vilões e mocinhos. Creio que esses dois personagens cabem perfeitamente dentro de apenas uma pessoa. Claro que existe quem opte por ser mais de um do quê do outro. Devemos saber identificá-las. Aí é onde mora o perigo. O mundo pode ser também um gigantesco baile de máscaras. Você pode se enganar uma vida inteira com uma determinada pessoa. Pode fazer mau julgamento de outra. Pode se ferrar. Aliás, quase sempre a gente se ferra por completo. De uma forma ou de outra, a gente sempre tá enganado sobre alguém. Pessoas sempre podem ter cartas nas mangas.
            Penso eu que nosso coração, no decorrer dos encontros com essas "pessoas", começa a endurecer. Chega a um ponto onde ninguém é confiável o suficiente. Você pode me perguntar: "O que fazer sobre isso?". Eu te responderei da forma como me ensinaram a lidar com essas situações. Entre na dança 'deles'. Finja que isso tudo foi apenas uma grande brincadeira. Realmente, é muito ENGRAÇADO como o mundo é. HA-HA-HA.