domingo, 16 de março de 2014

Carta nº 3

Oi, como você vai?

             Desculpe o incômodo, mas eu preciso escrever. Escrever para te dizer o motivo da minha incansável insistência. Na realidade, eu tenho medo. Medo de nunca falar o que eu tenho vontade de te dizer e isso me atormentar pelo resto da minha vida, como se as minhas palavras fossem te fazer enxergar o grande erro que cometemos, de desistir havendo ainda uma remota possibilidade, de nunca mais conseguir ser a pessoa que eu sempre fui. O que eu deveria enxergar é que isso é totalmente errado. Pessoas não podem necessitar de outras assim, tão visceralmente. Nem podem condicionar sua existência à uma outra. É errado, é doentio. Eu vejo isso mais claro. Na realidade, eu tenho medo. Medo de não conseguir tentar com mais ninguém, de ficar sempre olhando para trás, de te encontrar, tempos e tempos depois, e ainda não suportar a dor. Parece dramático, mas eu nunca fui tão sincera em toda a minha vida. Medo de ficar parada no tempo para sempre ou de te ver sendo feliz com outra pessoa, e saber que eu não fui capaz de te fazer sentir isso. Eu não estou pronta para nada disso. Quantas vezes eu abri a janela e não falei, peguei o telefone e não liguei, escrevi uma carta e não enviei. Agora, meu medo é de me afogar nas expectativas do futuro que achei que teríamos. Hoje eu me resumo em medo. Você levou toda a minha coragem com você.


Sinceramente,
Letícia Medeiros