quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Que seja doce...



“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, que seja doce, e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada.
Que seja doce o dia quando eu abrir as janelas e lembrar de você.Que sejam doces os finais de tardes, inclusive os de segunda - feira - quando começa a contagem regressiva para o final de semana chegar.
Que seja doce a espera pelas mensagens. ligações e recadinhos bonitinhos.Que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone.Que seja doce o seu cheiro.Que seja doce o seu jeito, seus olhares, seu receio.
Que seja doce o seu modo de andar, de sentir, de demonstrar afeto.Que sejam doce suas expressões faciais, até o levantar de sobrancelha.Que seja doce a leveza que eu sentirei ao seu lado.Que seja doce a ausência do meu medo.Que seja doce o seu abraço.Que seja doce o modo como você irá segurar na minha mão.Que seja doce.Que sejamos doce.E seremos, eu sei”.

Caio Fernando Abreu

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